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O gestor oculto de muitas organizações: as planilhas

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Desde a descoberta dos vieses, por meio da psicologia comportamental e pela neuropsicologia, e a partir da sua exploração dentro de áreas mais diversas como economia e marketing o tema dos “gestores ocultos” do nosso processo de tomada de decisão vem se popularizando.

Contudo, o que são vieses? Em linhas gerais, eles são distorções de pensamento e de julgamento fruto da construção de “atalhos” mentais que, no processo evolutivo, foram sendo criados para facilitar a vida das pessoas e para lhes poupar energia.

Pois bem, estes mesmos vieses que originalmente tiveram uma função positiva podem se tornar sabotadores de muitos processos e, principalmente, se não observados contribuem para a construção de cenários perigosos quando aproximados das estâncias estratégicas das organizações e da vida como o de tomada de decisão, por exemplo.

Neste artigo gostaria de refletir sobre uma realidade que não é nem cognitiva, nem inconsciente, mas que está presente em muitos ambientes organizacionais. Aquilo que carinhosamente apelidei sob a algunha de viés das palhinhas.

Hoje, como nunca, vivemos a era da informatização das informações. A cada dia, novos sistemas e metodologias estão sendo lançadas com a pretensão de facilitar, agilizar, padronizar e até garantir que não haja falhas no processo de elaboração dos elementos que comporão os dados de uma organização. Este é o mundo da ciência de dados e da economia da informação.

Entretanto, em muitas empresas, sejam elas, de pequeno, médio ou grande porte ainda existe um elemento que é cultivado, alimentado e que carinhosamente é mantido: as planilhas! Nada contra elas, aliás esses instrumentos de trabalho inventados já há algum tempo continuam desempenhando um papel importante no nosso dia a dia da gestão, o problema é que elas, como sabemos, são frágeis, manipuláveis e escondem em meio as células e fórmulas uma possibilidade infindável de erros e pontos cegos.

Mas então Gillianno, por que ainda gostamos tanto de planilhas se elas são tão voláteis assim? Possíveis resposta podem ser: porque mudar as nossas rotinas dá trabalho, porque os sistemas passam um ar de impessoalidade, porque elas estão mais disponíveis, ou seja, se pode afirmar que, em muitos casos, mesmo tendo sistemas caros e ágeis continuamos a usar planilhas porque elas afirmam e condensam uma coletânea de vieses cognitivos inconscientes, tais como: viés de ancoragem; confirmação; disponibilidade; backfire, dunning-kruger etc. E isso fica mais grave quando fazemos o ato de exportar do sistema para validar na planilha. Já viram esta cena?

Diante disso, o que fazer? Abandonar essas pobres e queridas amigas que nos socorrem nos momentos mais inóspitos? Claro que não! Seria um ato de injustiça para essas nossas companheiras de chão de fábrica. Mas é preciso dar a devida função a elas e saber dos seus limites e do seu grau de confiabilidade, ainda mais quando trabalhamos com versões de uma mesma planilha.

Considerando isso é preciso trazer à luz um horizonte importante. Uma verdadeira gestão do conhecimento e à vista não acontece apenas quando criamos dashboards e espalhamos telas por todos os lados. Ela, fundamentalmente nasce quando há confiabilidade, replicabilidade e incorruptibilidade da informação a partir da qual os processos são pensados e as decisões são tomadas. Sem isso continuaremos investindo em sistemas super eficazes e pouco utilizados e recorrendo a planilhas frágeis e imprecisas, mas que todos nós amamos e que nos fazem sentir, pelo viés de proximidade, a segurança de estar fazendo a coisa certa. Pense nisso.

Escrito por Gillinno Mazzetto, co-founder da EiPsi

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