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HSM Expo Now: Mundo BANI

por:

Caroline Verre

Caroline Verre

O segundo dia de Now! Week teve início com a presença do CEO da HSM e Co-CEO da SingularityU Brazil, Reynaldo Gama, que trouxe ao palco Jamais Cascio.

Mundo BANI – Jamais Cascio
Um dos 100 maiores pensadores globais segundo a revista Foreign Policy, Jamais Cascio explora há mais de 25 anos a interseção entre meio ambiente, tecnologia e cultura se especializando na criação de cenários futuros plausíveis. Ele é membro do Institute for the Future, onde trabalha em uma ampla gama de projetos.

Seu trabalho já apareceu em diversas mídias, incluindo documentários. E realizou palestras ao redor do mundo para públicos do Banco Mundial, TED e a Academia Nacional de Ciências, abordando questões relacionadas a como enfrentar o futuro global. Em 2017, a University of Advancing Technology concedeu-lhe um Doutorado Honorário em reconhecimento ao seu trabalho.

Cascio iniciou sua apresentação discorrendo sobre a natureza do mundo caótico em que conseguimos presenciar mudanças repentinas de poder. “A ideia de mundo VUCA (volatile, uncertain, complex, ambiguous) era uma tentativa de tornarmos um cenário bagunçado gerenciável. No entanto, esse termo já não abrange tudo que tem ocorrido. BANI (brittle, anxious, nonlinear, incomprehensible), por sua vez, demonstra que essas forças sistêmicas não são gerenciáveis, mas adaptáveis“, explica.

Brittle: as coisas frágeis não são resilientes. Nesse caso, representam tudo aquilo que, em condições normais, funciona mas em um ambiente caótico vem abaixo
Anxious: quando estamos ansiosos, ficamos sempre à mercê de tudo o que pode dar errado e foge do nosso controle. Esse estado representa um constante estado de desinformação que leva a um desconforto mental e emocional
Nonlinear: a não linearidade faz com que causa e efeito sejam desproporcionais
Incomprehensible: a ausência de sentido se tornaram algo corriqueiro na era em que vivemos. A complexidade excede nossa capacidade de entendimento

A sociedade não sobreviverá se tratarmos as transformações que estão ocorrendo agora como meras questões políticas e tecnológicas. Digo isso baseado nos meus mais de vinte anos de carreira“, declara. Segundo Jamais, no mundo BANI, a intuição, a empatia e a resiliência são cada vez mais importante pois se tratam de capacidades exclusivamente humanas.

De acordo com Jamais, a próxima década, sem dúvida, será difícil mas o colapso não é o único resultado possível. “Temos a tecnologia necessária para revertermos fatalidades. O caos eminente tem na mudança seu melhor caminho. Ainda podemos escolher o melhor caminho para nos tornarmos mais seguros de como navegar nesse mundo caótico. No entanto, nossa visão do futuro que teremos ainda é muito limitada”, finalizou.

A gerente de produtos co-branded da HSM, Tatiana Magalhães, trouxe algumas questões para que Jamais Cascio abordasse ao vivo.

Como os líderes e organizações podem ajudar colaboradores a enfrentar a ansiedade?
A empatia é fundamental. Reconhecer e dar apoio às partes interessadas: funcionários, famílias de colaboradores e todos do ecossistema lidando com os traumas da pandemia, questões políticas e até climáticas. Quando você pratica empatia, com lealdade emocional, acaba recebendo isso de volta, há reciprocidade dos times com suas organizações.

Em termos de futuro, qual seria o principal desafio global?
Aquecimento global, sem dúvida. Essa será a principal questão. Queiramos ou não, a política, a economia, a tecnologia e a sociedade precisarão mudar por conta da crise climática que acabará sendo tão ruim quanto a pandemia.

Como as fake news nos tornam mais ansiosos e como podemos lidar com isso?
Esse é um problema que não possui solução imediata. O que eu sugeriria seria respostas críticas para que nos possamos nos desenvolver. Trabalhar a habilidade de avaliar melhor tudo que nos cerca, já na educação primária pode funcionar. O ato de registrar coisas incomuns pode fornecer mais pontos de vista e isso possibilita que possamos avaliar de forma holística o que ocorre.

O estudo de futurologia é bastante pessimista. Como podemos lidar com isso?
A realidade é realmente dura. Mais que sermos otimistas, precisamos reconhecer que nem tudo está perdido. Temos todas as ferramentas e habilidades que precisamos para melhorarmos as coisas. Provavelmente, começaremos a utilizá-las, mas levará algum tempo. No futuro, pensarão que éramos loucos, mas ficarão impressionados com nossa capacidade de reverter o atual cenário. Os desafios que enfrentamos são tão severos e a lentidão de resposta dos governos nos mostram que, sim, estamos caminhando para uma catástrofe de níveis que nunca vimos antes. Mas há chance.

O que dá esperança a você?
Os jovens, aqueles de vinte, trinta anos ou menos. A era do caos já é comum a eles. Essa geração veio ao mundo sem ilusões sobre o que está acontecendo. Quando falamos com os adolescentes, notamos que eles culpam a geração anterior pela situação atual, mas eles têm anseio de agir. Realmente acredito que eles possuem raiva suficiente para fazerem algo quando tiverem a chance.

Como o contexto BANI afeta as crianças e como os pais podem prepará-los para o futuro?
Construir pensamento crítico nas crianças é a chave. Ensiná-las a analisar tudo que está por trás do que elas enxergam. Independentemente de qual caminho elas escolham na vida, elas se depararão com pessoas que estarão sofrendo e isso não pode ser ignorado; as habilidades sociais individuais conseguirão manter a juventude conectada ao lado humano, otimista, mas também realista.

No segundo momento da Expo Now!, o gerente de conteúdo Thomaz Gomes introduziu uma conversa com Alexandre Pellaes.

Mundo BANI – Alexandre Pellaes
Um dos principais pesquisadores de relações corporativas do país, com profunda vivência da realidade de diferentes gerações de profissionais no mundo do trabalho, Alexandre Pellaes palestra sobre Felicidade e Propósito no Trabalho e busca ajudar as pessoas a serem felizes em suas atividades profissionais e encaixarem corretamente a importância de suas carreiras e emprego no contexto de seus propósitos de vida.

O consultor em modelagem de estruturas organizacionais e implementação de políticas de RH, afirma que buscamos antes de mais nada um mundo meaningful (com significado) e universal. “Seja VUCA ou BANI, estamos tentando dar nomes a um mundo ainda incompreensível e mutável. Nada no mundo tem um sentido em si, o ser humano que atribui sentido e significado às coisas. A incompreensão do mundo traz anseio de transformarmos tudo o que nos cerca em conceitos entendíveis, passíveis de serem analisados”.

De acordo com Pellaes, o trabalho é a força humana de colocar uma intenção dentro do mundo. Ou seja, uma forma de se concretizar nossos potenciais. E para detalhar a origem dessa força aplicada em carreiras, ele nos introduz uma bifurcação:

Autonomia: algo que de dentro pra fora nos faz partir para a realização
Heteronomia: algo de fora para dentro que coloca sobre a pessoa uma pressão para a ação

Quando crianças, experimentamos o mundo descobrindo nossas potencialidades e isso nos apresenta nossa própria autonomia. Os adúltos passam a restringir essa autonomia e, então, as crianças descobrem que há uma barreira hierárquica e com ela a heteronomia. Que, mais tarde, é reforçada pela instituição de ensino, através dos professores. Subsequentemente, pelo mercado de trabalho, através dos chefes“, esclarece.

Sobre modelos de gestão compartilhada – aqueles que você anda ouvindo por aí: gestão horizontal, holocracia, sociocracia, organizações orgânicas, Pellaes afirma que a cultura organizacional é um laboratório de como as pessoas se enxergarão no mundo real. “Não dá para ser um profissional maldoso, competitivo e, saindo do escritório, se tornar uma pessoa diferente disso. O estímulo de mudança de visão de mundo dentro das organizações tem um impacto na sociedade que não pode ser ignorado”.

A auto gestão é também um ponto a ser trabalhado pelos profissionais. “É por meio da empatia que o profissional consegue enxergar seu impacto sobre as demais pessoas. Mas o desafio está em saber o que eu fazer com esse impacto“, afirma.

Sobre a questão geracional, Pallaes afirma que é uma pauta delicada porque não devemos deliberadamente classificar pessoas pela geração a que pertencem. “As organizações vêm tentando encontrar novas formas de promover uma diversidade etária saudável. E o grande desafio é dar voz à toda gama de gerações, não através de cotas mas de contratações que verdadeiramente cubram todos os níveis organizacionais”.

Para finalizar, Pallaes deu uma pista do que enxerga para o futuro do trabalho. “Sou um dos futuristas otimistas. Acredito imensamente na capacidade humana, vejo um futuro que sai do campo da intenção e vai para o campo da ação. O discurso bonito não será mais suficiente, a pergunta não será mais: por que você faz o que faz. Veremos uma mudança do emprego tradicional verticalizado para um modelo em que focaremos no impacto do propósito de cada membro da organização. Convido a audiência a se perguntar como está fazendo suas atividades e por que faz dessa maneira. A busca pelo propósito, com menos intenção e mais ação é a possível chave”, conclui.

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