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A transição de carreira vista por um filósofo francês do século XVII

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François de la Rochefoucauld foi um filósofo francês que viveu no século XVII. Ele, como muitos outros de sua época, foi um humanista e, com o olhar aguçado e quase cirúrgico buscou entender a alma humana “para além do bem e do mal” e do “politicamente correto”. Uma de suas obras mais famosas são as “reflexões ou sentenças e máximas morais”

Neste ensaio gostaria de pensar o processo de transição de carreira a partir de uma destas máximas. Não que La Rochefoucald fosse um CEO ou um badalado guru californiano. Longe disso, mas ele pode nos ajudar e muito a entender determinados processos, que em síntese, continuam sendo humanos, e como dizia um outro filósofo, anterior a ele: “Tudo aquilo que é humano me interessa” (Terêncio.)

Vamos então à máxima do filósofo francês: “chegamos totalmente novos às diversas idades da vida, e em geral nos falta experiência apesar do número de anos” (Máxima 405).

Quem já viveu um processo de começar uma nova carreira, ou iniciar um trabalho em um nova empresa ou posição sabe bem o que significa a frase de La Rochefoucauld. Por mais experiência, idade e know how que possuamos sempre estamos iniciando algo. Existe até um gráfico que nos ajuda a entender este processo.

Imaginem vocês a seguinte combinação: Você no primeiro dia no novo trabalho, posição ou atividade. Muito provavelmente você se sentirá meio perdido e inseguro quanto aos procedimentos, rotinas, ritos e fatores culturais do novo ambiente de trabalho, não é? Este é o período da dependência completa, no qual, para coisas simples, como descobrir onde fica o café ou o banheiro você precisará de ajuda. Essa é uma fase de empolgação, por um lado, e insegurança, por outro.

A segunda fase se dá quando você começa a entender as rotinas e os hábitos do novo ambiente/posição de trabalho e começa a fazer os seus processos de maneira mais fluída e, paulatinamente, automatizar as suas rotinas de tal forma que consiga se mover melhor dentro de todos os desafios que o cotidiano lhe oferece. Essa é uma fase de acomodação na qual você se torna parcialmente dependente.

A terceira fase, por sua vez, é marcada pelo concernimento, isto é, pela capacidade de, entendendo o ambiente no qual você está você ser capaz de se mover sem tanta fricção e aprender a lidar e jogar com o contexto em prol da resolução de um problema.

Por fim, a quarta fase, se dá quando, já habituado com as rotinas e os processos da nova ocupação ou posição, você consegue automatizar e se mover mais livremente pelo seu trabalho. Esta é, por um lado, uma fase na qual você se sentirá bastante seguro e acomodado, mas por outro lado, que pode fazer de você refém dos próprios vieses, principalmente o viés de experiência.

Frente a isso, algumas conclusões são possíveis. A 1ª é que toda nova posição ou mudança abrupta de carreira gera insegurança e exige maior atenção para adaptação. Por isso, é normal se sentir inseguro, cansado, e em algumas vezes, assolado pela síndrome do impostor. A 2ª é que o processo de amadurecimento na gestão não é etário e que ele está muito mais relacionado à disponibilidade para se adequar ao novo contexto do que, por exemplo, ao acumulo de linhas no currículo.

Desta forma, a frase de La Rochefoucauld não só parece ser verdadeira, mas bastante útil no contexto laboral. Portanto, se você estiver iniciando um novo trabalho ou uma nova função ou pensando nisso considere fazer este processo ao invés de já querer chegar “dando resultados”. Pense nisso!

Escrito por, Gillianno Mazzetto, PhD. Co-founder Eipsi.

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