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A releitura do crisis mode: lições da medicina

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Muitas vezes, a literatura organizacional aponta como consequência do “crisis mode” a paralisação – a incapacidade de atuar mediante força abrupta que nos desvia do planejado.

Porém, os profissionais da área de saúde (sobretudo os que trabalham na linha de frente do COVID-19) não se paralisam diante de tal pressão – pelo contrário, eles agem! Buscando absorver os ensinamentos dessa forma de trabalho e de pensar e como transpô-la ao universo das organizações, me reuni com Dra. Luciana Haddad.

Diante do contexto caótico enfrentado ao longo de 2020, as equipes médicas por vezes se viram trabalhando com pouco tempo para avaliar cada situação, definir o problema e traçar a melhor rota para tratamento. Quando se adiciona a esse cenário o agravante de que qualquer erro ou desvio pode geram consequências graves (por vezes, até fatais), o alerta e foco no objetivo se tornam ainda mais cruciais. Não há espaço para distrações ou hesitação.

Assim, ao avaliar como as equipes médicas têm operado, três pontos chamam atenção: foco no problema, união em torno da solução do problema e viés para a ação.

Desnecessário citar as inúmeras ações e intervenções que foram feitas nos últimos meses nos ambientes organizacionais mais diversos, como resposta a crise; empresas readaptando (em tempo recorde) suas linhas de produção e formas de trabalho para reagir a um problema comum. Será que não éramos ágeis? Será que não éramos tão criativos?

Ocorre que, em tempos “normais”, os problemas inerentes a qualquer organização não são tão óbvios. É necessário identificar ativamente o que requer ação e ter clareza no problema específico que se quer resolver. O professor H. Raghav Rao, Ph.D, da UTSA College of Business, afirma que é fácil se apaixonar por uma solução antes mesmo de definir o problema. Ele também afirma que “Em uma crise, cometemos menos erros na escolha do problema e fazemos um trabalho muito melhor na escolha de soluções”.

Com o problema bem definido, entra o segundo ponto:  união e sinergia para solução do problema. Esse é um desafio constante nas organizações – engajar e inspirar uma equipe para a solução de um problema. No entanto, a vivência de uma crise pode aumentar a sinergia entre os membros de um time. Essa sinergia, quando bem canalizada, pode gerar resultados como os que vimos nos últimos meses. O aprendizado aqui é ser capaz de incitar tal união em prol de um objetivo comum mesmo em períodos “normais”. O poder desse efeito é evidente.

Em suma, é preciso agir! O “crisis mode” exige movimento, mudança e ação. No mundo médico a paralisação e falta de ação é fatal. Aqui, a ponderação é que agir será, na maioria das vezes, melhor do que não agir (salvo quando a decisão de não agir for consciente). Para as organizações, isso significa agir rápido, aprender rápido e ajustar rápido. Esse processo viabiliza a liberdade de testar diferentes pensamentos, ideias, fórmulas e modelos. É um solo fértil para a inovação.

Por fim, vale reconhecer que há pontos positivos no “crisis mode” e que, talvez, valha a pena ligá-lo vez ou outra.

João Victor Guedes dos Santos é  gerente global de marketing de Johnnie Walker

Luciana Haddad é médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo,   coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias da Saúde do Instituto Central – Hospital das Clínicas da FMUSP na Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias da Saúde

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